Hoje, meus caros leitores, vou lhes falar sobre uma pessoa muito querida que viveu nesta terra somente 45 anos. Um companheiro de peregrina simplicidade, uma alma encantada que fez de sua vida uma prática de honestidade e correção.
Primeiro dia de março de 1967, quando Celito e mais 23 colegas, eu de contrapeso, ingressamos na Polícia Militar catarinense. Ele passou a se apresentar como Aluno Oficial número sessenta e nove Eyng do CP-CFO (Curso Preparatório ao Curso de Formação de Oficiais).***********************
Passo agora a palavra para Sileide:
1968. Celito e o amigo Valmor Backes, também de Forquilhinha, posam para a posteridade. Backes viria a ser Comandante Geral da PMSC.********************
Celito e eu nos conhecemos em 1971 através de uma, até então, namorada dele. Chamava-se Iracema e residia na pensão de uma senhora viúva, onde também fui morar. Esta pensão ficava no final da rua Crispim Mira, no centro de Florianópolis. Ele a conhecera em Canoinhas numa das suas viagens a serviço. Ela falava muito nele, tratando-o sempre como "o galego". Eu, particularmente, não gostava muito de homens loiros. Achava-o muito brancão.
05 de Maio de 1968, Clube 12 de Agosto em Floripa. Os alunos oficiais da turma de 1967 recebem o espadim, símbolo maior do cadete. Nossa madrinha foi esta moça alta e bonita que está à frente entre dois cavalarianos. Era miss Paraná e miss Brasil naquele ano. E nós atrás, todos bobos. Seu nome era Dilza. O Bitenco e eu tiramos uma foto com ela. Pudemos constatar tristes o quanto éramos baixinhos! Na verdade, ela é que era muito alta! Da esquerda para a direita: começa com metade de uma cabeça que não dá para identificar. Depois o Ademir Ferreira (já falecido), Djalma, Jair (já falecido), Beckhauser, Ib Silva, Gilberto, Roberto, Getúlio, Bitenco, Daniel, Antônio Valter, Chico e Alcides. A bandeira do cavalariano volta a atrapalhar, mas acho que atrás dela está o Moacir Abreu (já falecido) e mais um outro. Depois o Lourival, o Davi Hasse e finalmente o Celito na ponta direita.********************
Sileide continua:
A coisa estava realmente complicada, e o pior é que o meu coração já era dele. Finalmente ele me falou de seu amor. A própria dona da pensão passou a rejeitá-lo, dizendo que ele estava com uma e já queria se aproveitar da outra. Isso não impediu que ele falasse com ela e explicasse com franqueza que a única coisa que queria era ficar comigo.
E assim se passaram uns três meses. O interessante é que depois, quando nos casamos, a Iracema foi nossa testemunha! Ela casou com um militar da Base Aérea e foi residir na Bahia. O tempo se encarregou de pôr todas as coisas no seu lugar. Celito me queria e eu também o queria, e isso era só o que importava.!
Jantar numa churrascaria do Estreito. 1968. Da esquerda para a direita: Ademir Ferreira, Celito, Backes, Ib Silva, Mendes e Bittencourt.********************
Fui muito feliz com Celito. Desta união tivemos três filhas: Daniela, Patrícia e Sílvia, hoje com 35, 33 e 31 anos respectivamente. Nossa vida familiar sempre foi pautada no amor, respeito, disciplina e estudo. Nos nos curtimos muito como família. Passeamos bastante, moramos em Lages três anos e meio, pois Celito foi destacado para ser o comandante da Companhia de Polícia Militar daquela cidade. Deixou a sua marca administrando muito bem, fez grandes amigos. É lembrado até hoje com respeito e admiração.
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1968. Escola de Oficiais na Trindade. O ginete Celito, do Primeiro ano do CFO.********************
Em Agosto de 1982, ainda trabalhando em Lages, Celito foi acometido de uma forte gripe. Após muitas consultas e exames, foi diagnosticado um linfoma na faringe. Começava aí uma grande luta dele pela vida!
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18 de Dezembro de 1970. Celito se forma e é declarado Aspirante-a-Oficial. Na foto ele, Jair Wolff e Moacir Antônio Abreu, todos já falecidos.********************
05-12-1972. Celito e Sileide noivos, no baile da Engenharia.********************
Julho de 1973. A lua de mel em Laguna.********************
30-07-1975. Equipe de Futebol de salão vencedora do Torneio Comandante Dória. Em pé o técnico major Univaldo Correa, capitão Paulo Roberto F. de Freitas, segundo tenente Jairo Amaral (meu cunhado, irmão de Sílvia) e primeiro tenente Valmor Backes. Agachados o primeiro tenente Getúlio Correa, hoje juiz auditor da Justiça Militar, o goleiro primeiro tenente Celito e o primeiro tenente Valmir Lemos.********************
1972. Formatura de Sileide. Serviço Social na Universidade Federal de Santa Catarina. Solenidade na Assembléia Legislativa.*********************
1974. Daniela, a filha mais velha, era fissurada no quepe do papai.********************
1981. O capitão Celito na sua formatura no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais. As filhas Patrícia (de azul) e Daniela.********************
Julho de 1981. A família em Lages. Patrícia e Silvinha faziam aniversário em julho e eles aproveitavam para comemorar numa festa só.Daniela, Silvinha no meio e Patrícia. Os papais sorridentes.
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Em 1981 o casal fez um passeio a Belo Horizonte. Celito foi escolhido o melhor companheiro da viagem, com direito à faixa.********************
1986. Formatura de Celito em Direito na UFSC. À direita o colega hoje coronel na reserva Saulo Sousa.********************
1986. A família feliz na missa de formatura do pai.********************
Sileide continua:
Celito amava muito seu trabalho. Entre um tratamento de quimioterapia e um tratamento medicamentoso, ele sempre pedia alta e voltava ao quartel. Para ele em primeiro lugar a sua Polícia Militar. Eu às vezes o xingava, reclamando que estávamos sempre em segundo, até a sua saúde, mas ele dizia ser tudo isso passageiro e as coisas se colocariam no seu lugar.
Acredito profundamente que ele, com a sua coragem, fé e determinação, prolongou muito a sua vida minada pela doença. Buscava com muita fé e perseverança tratamentos formais e mesmo alternativos. Tudo o que fazia era para que passássemos mais tempo juntos.
Entre agosto de 1982 e até 11 de junho de 1993, quando ele faleceu, passamos muitos momentos difíceis e dolorosos em razão de sua doença.
Além de tudo, tínhamos a formação familiar e escolar de nossas três filhas, o trabalho dentro e fora do lar e tudo o mais que o cotidiano exige. Pesou muito o problema financeiro, pois diariamente tínhamos gastos com medicamentos, alimentação especial. Mas nada que o fardo para nós determinado não pudéssemos carregar.
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1992. Celito dançando com a filha Patrícia na festa dos seus quinze anos. Deus o levaria no ano seguinte.********************
1989. A família passeando em Campos do Jordão.********************
Celito trabalhou no Quartel do Comando Geral, na Segunda Seção do Estado Maior. Instrutor na Escola de Formação de Oficiais e Chefe do Serviço de Radiocomunicações da PM. Foi Comandante da Quarta Companhia de Policia Militar de Lages. Serviu no Centro de Ensino, onde se destacou como Chefe da Divisão Administrativa. Como Tenente Coronel foi para a Diretoria de Apoio Logístico, onde se reformou, pois a doença não permitiu mais que trabalhasse.
1989. O casal na festa de aniversário de 15 anos da filha Daniela.
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E assim aconteceu nossa história (termina Sileide), cheia de amor e emoções. Sempre nos emocionamos quando dele nos lembramos.
Hoje, fruto dessa história iniciada em 1971, temos três filhas, três genros e cinco netos.
Daniela é casada com Ernesto Luiz Renuncio e eles têm os filhos Pedro Luiz (6 anos) e Tiago (3 anos). Patrícia é casada com Ricardo Westphal.
Silvinha é esposa de Alexandre Alves Máximo e eles têm os filhos Matheus (6 anos) e os gêmeos João Pedro e Isadora Amábile, de 10 meses. Formamos uma família bonita e estruturada. E cremos que se somos assim, só podemos agradecer aos cuidados e bênçãos de nosso querido Celito, que nos protege do maravilhoso lugar em que se encontra.
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Obrigada Cel. Roberto por esta linda homenagem feita ao nosso pai, nosso grande amigo... É difícil ler e nao se emocionar. Ele marcou e ainda marca muito as nossas vidas.
ResponderUm grande abraço: Dani
SILEIDE E FAMILIARES..
ResponderQUE HISTÓRIA LINDA....
COM CERTEZA DEVE SER BEM GUARDADA...LEMBRADA E SEGUIR OS BONS EXEMPLOS DEIXADOS POR LE.
POUCO O CONHECI, MAS SEI DA EDUCAÇÃO QUE OS TIOS DERAM A TODA A FAMÍLIA.ESSE É NOSSO BEM MAIOR..
QUE DEUS NA SUA INFINITA BONDADE OS ABENÇOE SEMPRE
UM CARINHOSO ABRAÇO
MARLENE VESCOVI
Nossa, é um orgulho só ouvir essa história novamente, ainda mais com as palavras da mãe.
ResponderAssim como minha mãe, meu pai até hoje é um exemplo de vida para mim, onde muitas das sua virtudes como honestidade, perseveranca naquilo que fazia e queria, simplicidade, companheirismo, brincalhão...enfim, amigo, tenho como lições de vida a seguir.
Lamento muito meus filhos não tê-lo conhecido, para entender que tudo que falamos sobre ela é pouco, ele era muito mais...era especial.
Obrigado Cel Roberto por essa homenagem.
Abraços
Silvia (Silvinha - como ele mesmo me chamava)
O que temos para recordar deste irmão muito querido e estimado. A base de tudo foi a estrutura familiar de nossos pais. E o Celito seguiu e estruturou toda sua vida onde quer que estivesse. Em especial muito dedicada a sua familia e a profissão. Ele amou muito sua profissão. A familia, esposa e suas filhas eram tudo para ele, seu orgulho. Na verdade hoje relembrando estas que narram algumas passagens de sua vida nos reportam muito ao que convivemos juntos nos emocionam e temos certeza que valeu a pena a sua vida aqui na terra. Com toda sua dedicação, alegria e brincalhão como era. Ele hoje nos acompanha.
ResponderAgradeço ao Cel Roberto e a Sileide por esta homenagem e narrativa.
M.Helena Eyng
Leio emocionada a história de minha conterrânea e agora amiga Sileide. Este pequeno texto, nos revela que a vida pode ser bela, mesmo quando nesta caminhada, sofremos alguns desvios. Siga em frente com esta familia maravilhosa. Seja sempre muito feliz.
ResponderUm beijo
Albertina Brasiliense
Olá Roberto, (Celito Pedro EYNG, Jair Wolf, Abreu e todos outros amigos da Esfo e PMSC)...
Fiquei feliz em rever as fotos e o relato textual deste blog.
Via a foto dos três amigos que já se encontram nos páramos etéreos e eternos e muitas vezes estivemos juntos em nossa "mesa" quando CADETES da PMSC, na Trindade, em Florianópolis.
No Recanto das Letras, deixei registrado esta passagem: http://www.recantodasletras.com.br/artigos/962552
Muito bom relembrar e vivenciar nossa passagem terrena deixando nas letras e nas fotos nossa fugaz e célere transição nesta dimensão existencial.
Parabéns e FELICIDADES A TODOS!
www.laerciobeckhauser.com
Laércio Beckhauser
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